A cirurgia bariátrica é uma excelente aliada dos pacientes que buscam tratamento para obesidade e demais doenças que acompanham o problema. Por ser um distúrbio multifatorial, o excesso de peso, em muitos casos, não pode ser resolvido apenas com a mudança de hábitos.
Por isso, a procura por um tratamento eficiente e seguro tornou a cirurgia bariátrica uma ferramenta de auxílio a muitos pacientes que enfrentam o problema da obesidade. No entanto, esse tipo de procedimento cirúrgico, assim como qualquer outro, provoca muitas dúvidas nos pacientes, seja sobre a cirurgia em si ou sobre o pós-operatório.
Quer esclarecer todas as suas dúvidas acerca da cirurgia bariátrica? Neste artigo preparado pelo Blanc Hospital, o médico Dr. Guilherme Bassols, membro do comitê científico do Blanc e especialista em cirurgia minimamente invasiva e em cirurgia bariátrica, explica todos os detalhes desse procedimento cirúrgico para o tratamento da obesidade. Confira!
Qual é o perfil de paciente da cirurgia bariátrica?
O primeiro ponto a ser esclarecido é que a cirurgia bariátrica não é para todo mundo. Conforme explica o Dr. Guilherme Bassols, o procedimento cirúrgico é indicado para pacientes que sofrem com graus mais severos de obesidade. “A cirurgia bariátrica é indicada para quem apresenta o Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 35 e tem alguma comorbidade associada à obesidade”, relata.
Além disso, outro fator que caracteriza os pacientes candidatos à cirurgia bariátrica é a apresentação de Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40, independentemente de ter ou não algum tipo de comorbidade associada ao excesso de peso.
A cirurgia bariátrica pode ser a primeira opção de tratamento?
Essa é uma questão muito frequente nos consultórios médicos. Por isso, é muito importante que seja esclarecida: os pacientes que têm graus mais severos de obesidade precisam preencher alguns pré-requisitos. Eles, por exemplo, precisam ter feito tratamentos contínuos ou não por pelo menos 2 anos, ou seja, a cirurgia bariátrica não pode ser a primeira escolha de tratamento.
O Dr. Guilherme Bassols ressalta: “O paciente já tem que ter tentado dieta e já tem que ter tentado o uso de medicação. Inclusive, muitos já fizeram tratamento colocando balão intragástrico. É necessário ter essa comprovação de histórico de tratamento”.
Existe algum quadro que impeça a realização da cirurgia bariátrica?
O paciente que pretende realizar a cirurgia bariátrica não pode ter nenhuma doença crônica grave, como insuficiência cardíaca, cirrose ou algum problema pulmonar grave que o impeça de fazer o procedimento. Além disso, claro, esses pacientes não podem ter nenhuma dependência, a exemplo do uso crônico de álcool ou do consumo de tabaco. Os pacientes com essas condições não podem realizar a cirurgia.
Quais são os pré-requisitos para a cirurgia bariátrica?
De acordo com o Dr. Bassols, existe uma série de pré-requisitos para a realização da cirurgia bariátrica, os quais devem ser avaliados pelo médico-cirurgião durante a consulta, mas, basicamente, é o que já foi explicado no início do artigo: o paciente precisa ter obesidade severa, ter IMC mais elevado e apresentar ou não comorbidades associadas à doença.
Além disso, o paciente precisa ter tentado outros tipos de tratamentos, tendo falhado no objetivo de emagrecer com saúde e segurança. Ele também não pode apresentar doenças que o impeçam de realizar o procedimento. “Esse é o perfil básico do paciente bariátrico”, explica o Dr. Bassols.
Quais são as principais técnicas cirúrgicas?
Sobre as técnicas cirúrgicas, o Conselho Federal de Medicina (CFM) permite a utilização de diferentes tipos de procedimentos. Entre elas existe o balão intragástrico e a gastrectomia vertical (ou sleeve), que é um método moderno bastante utilizado no Brasil e, atualmente, é o mais aplicado nos Estados Unidos, caracterizando-se por ser uma cirurgia que reduz só o estômago, não havendo nenhum envolvimento com o intestino do paciente.
A outra técnica utilizada é o bypass gástrico, que é mais conhecido como gastroplastia. “Esse procedimento cirúrgico é realizado desde a década de 1950 e, além de ser feita a redução do estômago, há também o desvio intestinal. É uma cirurgia mais poderosa e mais completa, tendo um potencial de melhora bem maior, não só da obesidade, mas também das doenças associadas”, revela o médico-cirurgião.
Qual dessas técnicas é a melhor?
De acordo com o Dr. Bassols, quando se fala em técnica cirúrgica bariátrica, o mais importante é entender que não existe um procedimento melhor do que o outro, o que existe é a cirurgia mais indicada para aquele determinado paciente.
Por isso, é importante o médico avaliar o paciente com muita ética e muito cuidado, a fim de identificar qual é a melhor estratégia para ele. “Dessa maneira, garante-se os melhores resultados”, explica o Dr. Guilherme Bassols.
É preciso acompanhamento psicológico durante o tratamento?
É importante ter o entendimento de que a obesidade é uma doença multifatorial, ou seja, não é apenas comer em excesso. A obesidade é uma doença metabólica, emocional e genética. “Quando a gente fala em acompanhamento psicológico, a gente está falando de um dos pilares do tratamento. Cerca de 80% dos pacientes que fazem a bariátrica têm algum distúrbio psicológico”, aponta o Dr. Bassols.
Por isso, é fundamental o paciente fazer não só uma avaliação, mas também manter um acompanhamento psicológico depois da cirurgia, afinal, a relação dele com a comida vai mudar. É preciso trabalhar muito bem no pós-operatório para que o paciente consiga atingir os seus objetivos sem grande sofrimento. “Então, sim, o acompanhamento psicológico é tão importante quanto a cirurgia”, destaca o médico.
Conheça mais: Colocação de balão intragástrico: como funciona e para quem é indicado esse procedimento?
Depois da cirurgia bariátrica, o paciente pode engordar novamente?
Sim, os pacientes bariátricos podem engordar novamente. A cirurgia não é a cura para o problema obesidade, mas é o melhor tratamento que se tem na atualidade. No entanto, mesmo sendo o melhor tratamento, ele não é isento de falhas. Daí a importância dos pacientes manterem um acompanhamento pós-operatório, consultarem uma nutricionista e seguirem uma rotina de atividade física.
Nessa questão, o Dr. Guilherme Bassols ressalta: “O que vai garantir que o paciente não ganhe peso após a cirurgia é a manutenção da mudança do estilo de vida, de hábitos e de perspectivas, no sentido das pessoas procurarem sempre se cuidarem. Se, em algum momento, esse paciente que foi operado abandonar esse cuidado, abandonar o tratamento, inevitavelmente vai voltar a engordar”.
Como é o pós-operatório da cirurgia bariátrica?
O pós-operatório da cirurgia bariátrica, depois que se começou a realizar o procedimento por laparoscopia, tornou-se muito mais tranquilo. É natural que nas primeiras horas o paciente sinta um pouco de desconforto e um pouquinho de enjoo, mas são sintomas passageiros.
A maioria dos pacientes, depois de algumas horas da cirurgia, já consegue caminhar e tomar líquidos. A grande maioria dos pacientes, no dia seguinte, já está em condições de ir para casa. Assim, o pós-operatório imediato, principalmente pela evolução da cirurgia videolaparoscópica, é muito mais tranquilo para os pacientes.
De acordo com o Dr. Bassols, o pós-operatório mais tardio se caracteriza, principalmente, com o cuidado com a dieta. O paciente fica cerca de 15 dias com uma restrição mais líquida, a fim de dar tempo para o estômago cicatrizar e para que a sutura que é feita lá no estômago cicatrize adequadamente.
Depois, ele evolui para uma dieta mais pastosa. Em 30 dias, os pacientes já estão aptos a voltar a praticar atividades físicas. “Geralmente, eu libero meus pacientes para as suas atividades de trabalho em mais ou menos 15 dias. É uma recuperação pós-operatória muito tranquila. Claro, não é uma cirurgia isenta de riscos, mas cada vez mais nós temos um procedimento seguro nas nossas mãos”, pontua o Dr. Bassols.
Em média, quantos quilos o paciente pode perder com a cirurgia bariátrica?
Os pacientes que realizam a cirurgia bariátrica normalmente perdem todo o seu excesso de peso. Por exemplo, um paciente que, de acordo com a sua altura, tem como peso ideal 80 quilos e faz a cirurgia com 120 quilos volta a ter os seus 80 quilos, isto é, o seu peso ideal, após um ano ou um ano e meio.
Esse, portanto, é o objetivo da cirurgia bariátrica: devolver o peso ideal para o paciente de acordo com o seu Índice de Massa Corporal (IMC). Segundo o Dr. Bassols, existem variações em torno dessa questão. “Há pacientes que não perdem todo esse excesso de peso, até porque o peso também contempla músculo e muitos pacientes começam a praticar atividade física”, avalia.
Ele ainda acrescenta: “Se esse mesmo paciente, que deveria ter 80 quilos, começar a fazer musculação, ele perfeitamente pode ficar saudável com 85 ou 90 quilos. Então, a perda de peso à qual a gente se refere é em relação à perda de gordura”.
Normalmente, o paciente após a cirurgia bariátrica fica com cerca de 15% a 20% de gordura corporal, o que é saudável do ponto de vista médico. A perda de peso tem este objetivo: deixar a pessoa saudável, o que nada mais é do que o foco de todos os tratamentos para a obesidade. Com a cirurgia bariátrica não é diferente.
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