Dr. Antonio Rezende
VISÃO GERAL:
As mamas são consideradas um sinal de feminilidade e consequentemente um órgão sexual de grande importância para a mulher. Ao longo dos séculos os artistas nos mostram essa importância através de pinturas, esculturas e a moda.
Nas últimas décadas o nível de exigência das mulheres com relação ao aspecto estético e funcional de suas mamas tem aumentado expressivamente.
EM QUAIS CASOS É REALIZADO O PROCEDIMENTO:
A divulgação de corpos femininos através dos meios de comunicação determinou um ideal de mamas proporcionais, firmes e saudáveis.
As expectativas deste público cada vez mais informado e esclarecido têm despertado a necessidade de aperfeiçoamento de resultados. Minimização de complicações, projeção duradoura e redução de cicatrizes são objetivos constantes na nossa prática diária.
A redução mamária utilizando uma incisão na pele com o formato periareolar e T invertido é amplamente utilizada e uma das técnicas mais versáteis, permitindo um grande controle sobre a extensão da ressecção e o processo de armação e projeção das mamas.
Em 1967, Pitanguy7 idealizou sua técnica mais conhecida, chamando a atenção para o planejamento preciso das incisões iniciais que serão muito próximas das finais, com eventuais e leves correções acessórias. Determinou medidas e formas próprias de avaliar a porção a ser ressecada, assim como a obtenção de pontos fixos transferíveis para a mama contra lateral de modo a se obter simetria final. A utilização da Manobra de Schwartzmann (1930) de desepitelização das vizinhanças periareolares mantém a integridade circulatória e proporciona liberdade para migração do complexo areolo – papilar. A ressecção glandular assume a forma de uma quilha, criando sempre dois pilares (lateral e medial) que determinarão o cone final.
Também na década de 60, Strombeck11,12 idealizou uma marcação prévia a partir de um molde preconcebido que seria copiado sobre a mama e usaria o princípio do buraco de fechadura descrito em 1938 por Nedkoff. O deslocamento efetuado com a Manobra de Schuvartzmann mantém o mamilo centrado numa ponte móvel confeccionada com dois pedículos (lateral e medial) e a ressecção é feita abaixo dessa ponte. A junção final dos pontos pré – marcados daria a almejada composição cônica final e o complexo areolo-papilar (CAP) já teria seu sítio pré-estabelecido pela ressecção glandular de pequeno circulo que vai alojar a porção mediana da ponte desepitelizada que o contém. (fig 1)
A solução de Robbins9, utilizando um pedículo de base inferior, têm adquirido muita popularidade nas últimas décadas. Fácil de executar e reproduzir, todo excesso de pele é removido e a mama adquire um formato satisfatório.
A mamoplastia redutora vertical foi preconizada por excelentes cirurgiões como Lassus3, Marchac5, Lejour4 e Hall – Findlay2, Peixoto6 entre outros.
O procedimento foi descrito primeiramente em 1957 por um cirurgião brasileiro, Arié1, numa técnica em que a pele e o tecido mamário são ressecados em bloco da margem inferior da aréola até o sulco inframamário, sendo que a cicatriz resultante se estende além do sulco inframamário.
Muitas modificações se seguiram e muitos adeptos popularizaram esta técnica para minimizar as cicatrizes e evitar a horizontal do clássico T invertido.
A questão é, a que custo? O formato obtido com a cicatriz vertical costuma salientar o pólo inferior e pode apresentar “dog ears” na linha de sutura, também é mais difícil obter uma projeção aceitável do pólo superior da mama. Por outro lado, a mamoplastia em T invertido também apresenta desvantagens relacionadas ao formato da mama: mau-posicionamento do CAP, cicatrizes hipertróficas e perda de projeção a longo prazo.
Como qualquer procedimento cirúrgico, a seleção apropriada de cada paciente parece ser a chave para obtermos bons resultados.
Baseados neste princípio passamos a desenvolver uma técnica versátil, de fácil reprodução e que pudesse ser adaptada para pacientes com diferentes graus de hipertrofia e ptose.
Os objetivos da cirurgia consistem em reduzir o volume das mamas, modelar de maneira a harmonizar em relação ao fenótipo da paciente, e propiciar resultados o mais duradouro possível.
COMO SE PREPARAR:
Os cuidados no planejamento da cirurgia vão facilitar o cirurgião a realizar a mamoplastia de maneira que se possa obter uma boa simetria e uma forma natural para as mamas. Este planejamento se inicia com o diagnóstico, a indicação e o planejamento da cirurgia.
A conversa com o paciente no pré-operatório permite ao cirurgião saber dos objetivos da paciente quanto a forma e volume das mamas, as cicatrizes resultantes da cirurgia e as complicações que poderão ocorrer, embora raras.
Deve-se conversar sobre a história pessoal e familiar de doenças mamárias. A solicitação da mamografia está indicada nas pacientes acima de 35 anos ou que tenham antecedentes de patologia mamária. O exame físico da paciente vai possibilitar ao cirurgião a avaliação do volume, grau de ptose, largura da base da mama, posição, forma e tamanho do CAP, forma do mamilo, se está invertido, tipo de pele, gorduras adjacentes. Avaliar também a simetria, bem como a presença de nódulos ou massas palpáveis.
A marcação prévia das incisões vai nos facilitar e diminuir o tempo cirúrgico.